Primeiro longa-metragem dirigido por Paulo Sacramento, O Documentario pretende retratar e refletir sobre a realidade do sistema carcerário brasileiro, em um momento em que suas contradições se exacerbam, extrapolando os limites da aceitabilidade.
Sacramento, há tempos incomodado com o que era veiculado pela mídia sobre o complexo penitenciário Carandiru – “é sempre rebelião e fuga” – sentiu vontade de investigar e saber mais sobre a vida daqueles homens. Em 1996, realizou as primeiras filmagens e partiu para a captação de recursos.
Em 2001, o diretor percebeu que a maneira mais eficiente de dar voz aos presos e conhecer efetivamente o cotidiano daquelas pessoas seria fazer um filme em parceria. Buscando um registro documental, optou por ministrar cursos e workshops a detentos interessados, ensinando-os a manipular câmeras de vídeo. Um ano antes da desativação da Casa de Detenção do Carandiru, os detentos registraram, sem intermediários, o cotidiano deste que foi o maior presídio da América Latina.
Impactantes imagens da implosão de três Pavilhões – 6, 8 e 9 –, ocorrida em dezembro de 2002, abrem o documentário. Ao longo dos 123 minutos de projeção, dezenas de detentos, devidamente identificados, falam sobre a rotina na cadeia, suas histórias, expectativas, injustiças. Mostram-se perdidos em algumas situações e seguros na convicção de que sua própria sobrevivência depende da atitude diária perante os colegas. Diversos aspectos são levantados e um mundo paralelo começa a ser descortinado. O filme ainda traz depoimentos de ex-diretores da Casa de Detenção.
Sacramento captou R$ 600 mil e levou sete meses para a captação de todo o material que lhe serviu para a montagem e edição final. Foram 170 horas de material registrado.
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